Parceria autor x revisor em busca da “boa escrita”. Cumplicidade na construção do texto “bem feito”, da comunicação sadia.
Uma das tarefas do revisor é moldar o texto escrito por alguém com o objetivo de conferir-lhe correção, clareza, concisão e harmonia, tornando-o inteligível e interessante ao leitor: um texto bem escrito faz a diferença.
No mundo de hoje, é notória a importância da comunicação. Segundo Gilbert Highet (apud PENTEADO 1990) [1]: “não existe uma só atividade humana que não seja afetada ou que não possa ser promovida por meio da Comunicação”.
Portanto, devemos procurar transmitir nossas informações com a maior clareza, sensatez e precisão, para que não geremos o desentendimento. O esforço por uma comunicação humana mais efetiva pode representar decisiva contribuição para um mundo melhor.
Uma revisão de texto se processa em várias fases e momentos: garantir a clareza e coerência textuais, conseguir transmitir a ideia do autor da melhor forma possível, sem ferir a originalidade e respeitando o estilo do autor, não é uma tarefa fácil, principalmente quando você se depara com escrituras diversas, temáticas diversificadas, modos de expressá-las e atingir seus objetivos, como foram os textos da C2L que, apesar de serem bem elaborados gramaticalmente, exigiram leituras mais atentas na verificação da coerência discursiva, para que os escritos não se tornem confusos para o leitor.
Muito ainda se poderia falar a respeito de revisão, redação e estilo dos textos, mas irei me restringir em passar algumas dicas que poderão contribuir na construção de novos e futuros textos:
1. Como diz Fernando Sabino: “É preciso descascar o texto como quem descasca uma fruta, ir buscar a semente. Escrever é principalmente cortar.” Procurem burilar o texto de forma a ganhar o formato final que será consumido pelo leitor. A frase deve ser trabalhada, sem deixar de ser natural. Aliás, deve ser trabalhada para que se torne clara, simples e natural.
2. Ninguém pode escrever sem o mínimo de cuidado gramatical. Aproveitando a deixa de Adriano Gama Kury, respeitável professor e gramático brasileiro, falecido em 2012 [2]:
- distinguir os acentos necessários dos acentos inúteis (acentuação gráfica e a crase);
- a letra certa no lugar certo (ortografia);
- o tracinho trapalhão (emprego do hífen);
- pontuação;
- uso do estrangeirismo;
- conjugação verbal, o emprego do tempo verbal e dos modos;
- concordância (nominal e verbal);
- regência (nominal e verbal);
- colocando os pronomes (topologia pronominal);
- em busca da palavra exata (vocabulário, sinônimos, parônimos e homônimos).
3. Exercitem-se na recomposição de seus textos. Refazer o texto até encontrar a melhor forma é a melhor lição. Com o treino, com a prática, com a repetição, o ato de escrever vai ficando mais fácil. Gramáticas, manuais de redação e estilo, dicionários e pesquisas no Google, entre outros, são ferramentas importantes: abusem deles.
4. Sejam claros. “A primeira obrigação da Comunicação Humana é ser clara; se precisarmos de bolas de cristal para decifrá-la, a comunicação é defeituosa [3]. Ao transmitir com exatidão um pensamento e expressá-lo de modo a torná-lo compreensível, pode-se dizer que há “clareza”. Quanto maior justeza houver entre a ideia e a forma, tanto maior será a clareza do estilo.
5. Escrevam apenas o necessário. A concisão consiste em manter o indispensável e eliminar o supérfluo: é obter o máximo de efeito de expressão com o mínimo de palavras. Diz Paul Valèry, poeta francês: “Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples, entre duas palavras simples, escolha a mais curta”.
6. Sejam coerentes. A coerência está relacionada com a compreensão, a interpretação do que se diz ou se escreve.
“Antes de escrever, aprenda a pensar” (Boileau)
7. Antes de começarem a escrever, sempre decidam o que desejam dizer, porque desejam dizê-lo e a quem esperam poder interessar.
8. Planejem seu trabalho de maneira que as ideias e as informações possam ser apresentadas em uma ordem lógica e eficaz, assegurando equilíbrio e unidade no conjunto da composição.
9. Escrevam de modo a tornar fácil a leitura. Comecem bem. Mantenham-se dentro do tema. Sejam claros, diretos e incisivos. Mantenham o ritmo de sua redação até o final. Concluam de forma impressiva.
10. Revejam o trabalho.
É isso aí…
Por Antonio Augusto Covello, Revisor de Texto e Assessor Linguístico da C2L | Communication to Lead
Sobre o autor: Antonio Augusto Covello é licenciado em Letras e pós-graduado em Estrutura Sintática do Português; Estruturas Semiológicas do Texto e em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Fez carreira como professor de Língua Portuguesa, Literatura e técnica de redação em escolas de ensino médio da SEE-SP, Etecs do Centro Paula Souza (Ceeteps), associado à Unesp e vinculado à Secretaria de Desenvolvimento – SP. Além de membro de bancas examinadoras de vestibular em instituições públicas e privadas e em concursos públicos. Atua como assessor linguístico, redator e revisor de textos técnico-profissionais, institucionais, publicitários e acadêmicos.
https://www.linkedin.com/in/antonio-augusto-covello-69286423
#comunicação #publicidade #cocriação #conteúdo #time
[1] PENTEADO, J. R. Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana, Thomson Pioneira,14ª Edição, 1990.[2] KURY, Adriano da Gama. Para falar e escrever melhor o português. Rio de Janeiro. Lexikon Editora. 2ª Edição, 2012.
[3] PENTEADO, J. R. Whitaker. A Técnica da Comunicação Humana, Thomson Pioneira,14ª Edição, 1990.