Sempre fui daquele tipo de pessoa curiosa que vai a fundo nos assuntos e pesquisa de verdade. Posso dizer que cresci e me formei em um mundo, onde a maioria dos comunicólogos e dos especialistas em marketing sabia o valor de uma informação.
Desde cedo, aprendi que um dado precisa ser sustentado por investigação e que uma conduta precisa de evidências. Embora eu adore, celebre e utilize as facilidades trazidas pela era digital, preocupa-me viver em uma realidade em que não se checam as informações, afirmam-se. Não se confirma, deduz-se.
Em tempos de pós-verdade, essa preocupação não é apenas minha. Em março deste ano, a 21ª edição do estudo global Edelman Trust Barometer revelou que há uma crise de confiança das pessoas sobre a credibilidade das informações. Para se ter uma ideia, de acordo com o estudo, no Brasil, as empresas do setor privado ganham no quesito e, com 61% da preferência, são consideradas mais confiáveis do que ONGs (56%), mídia (48%) e governo (39%).
A pesquisa, que ouviu mais de 33 mil entrevistados em 28 países, incluindo o Brasil, mostra que 79% dos funcionários têm acreditado mais em seus empregadores do que nas informações de fora e esperam que seus líderes se posicionem sobre assuntos relevantes publicamente.
Um dos fatores que me chamou a atenção no relatório divulgado, foi o conceito de “infodemia”. Esta seria uma impulsionadora da desconfiança, uma vez que menos de um terço das pessoas no Brasil praticariam a chamada “informação limpa” que precisaria atender pelo menos três dos quatro critérios: consumir notícias de diferentes fontes, evitar as bolhas, checar informações e verificar antes de compartilhar.
Diante dessa quebra de confiança geral, entendo que o embasamento e a constante busca por fontes confiáveis são fundamentais para qualquer agência que lide com informação em tempo real e gestão de marcas complexas como acontece aqui na C2L.
Neste momento em que, ainda segundo o estudo, as organizações jornalísticas figuram com 72% das impressões dos entrevistados como parciais, considero condição importantíssima adotar, como hábito, procurar alternativas de fontes mais diretas e menos previamente interpretadas. Afinal, é justamente a partir de dados confiáveis que irei estudar cenários, compreender contextos e estruturar campanhas. Não posso navegar em águas imprecisas.
No meu caso, costumo pesquisar as instituições de tradição em informação confiável e pesquisa como a Fundação Getúlio Vargas, mas também sempre estou de olho nas publicações oficiais das instituições mais imparciais do país.
Sobre as fontes internacionais, sempre recomendo a Harvard Business Review, World Health Organization (OMS), Organização Panamericana de Saúde; Elsevier, NHS (National Health System), Microsoft Academic, MedScape®; Hubpost, Think with Google, entre outras, dependendo do assunto em questão.
Não adianta fugir desta etapa. A busca pela ampliação do conhecimento e a insistência em construir o caminho mais estruturado são, na minha perspectiva, mais do que uma escolha pela qualidade: trata-se de uma questão de responsabilidade profissional, ética e social.
E você? Quais são as fontes nas quais mais confia?
Por Camilla Covello, Diretora Executiva e Fundadora da C2L | Communication to Lead
Sobre o autor: Camilla Covello é publicitária, especialista em Comunicação e Marketing em Saúde e setores complexos, com MBA em Gestão em Saúde na Philadelphia University. É fundadora e diretora-executiva da C2L | Communication to Lead. https://www.linkedin.com/in/camillacovello/
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