As pessoas estão cada dia mais empoderadas, isto é um fato. Segundo a pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros (TIC Domicílios), divulgada em 2022, 152 milhões de pessoas usam a internet no Brasil. Isso representa uma enorme parcela da população que tem, na palma das mãos, uma infinidade de informações. E é por isso que, hoje, venho questionar: por que ainda não reconhecemos que os pacientes também estão mais empoderados e que precisamos melhorar nossa comunicação com eles?
Não é de hoje que tenho alertado os líderes e gestores da saúde de que precisamos instaurar bons planos de comunicação nas instituições, sejam elas hospitais, clínicas, laboratórios ou, até mesmo, Home Care. Eles possibilitam que nós melhoremos a experiência desse paciente e saibamos como sensibilizá-lo. Por outro lado, a falta de um plano de comunicação, faz com o paciente se afaste daquela instituição.
Afinal, reflita: quantas vezes você já retornou a uma unidade após ser bem atendido?
É por isso que eu digo que precisamos aprimorar a comunicação de todos stakeholders – cada um daqueles que está em contato com o paciente. Isso deve ser feito de forma 360°, abrangendo cada ponto de cuidado. Os benefícios são múltiplos e posso citar uma infinidade:
- melhor relacionamento com o paciente;
- maior acessibilidade no sistema;
- contribuição para a conscientização;
- a democratização dos assuntos complexos.
Dentre esses benefícios, escolhi alguns que gostaria de aprofundar um pouco mais.
- Em primeiro lugar, não poderia deixar de mencionar a contribuição para o sistema de saúde. Ao utilizarmos a comunicação para informar o público-alvo de um hospital, por exemplo, conseguimos ajudá-lo a entender onde ele deve procurar ajuda, quando procurar um pronto-socorro ou fazer um agendamento clínico. Isso contribui para uma saúde mais acessível.
- Outro ponto é a conscientização. A comunicação nesse setor só pode ser feita com caráter informativo, então, por que não a usar para orientar a população sobre cuidados e prevenção? Ela pode ser uma grande aliada para contribuir com várias questões da saúde pública no Brasil. E isso pode ser comprovado pela nossa história. Ao longo dos anos, vivenciamos uma série de avanços nos tratamentos de doenças que foram impulsionados pela comunicação, como as campanhas de saneamento básico e erradicação de epidemias lideradas pelo médico Oswaldo Cruz, por volta de 1900.
- Por fim, não poderia deixar de mencionar como o plano de comunicação contribui para a democratização de assuntos complexos. Afinal, tudo pode ser falado, só é preciso saber como. Com uma boa estratégia, podemos levar todos os temas de forma consciente e responsável para a população.
Por Camilla Covello, Diretora Executiva e Fundadora da C2L | Communication to Lead
Sobre o autor: Camilla Covello é publicitária, especialista em Comunicação e Marketing em Saúde e setores complexos, com MBA em Gestão em Saúde na Philadelphia University. É fundadora e diretora-executiva da C2L | Communication to Lead.