Não é segredo que sempre fui atraída pela comunicação, sempre gostei de ouvir uma boa história e, claro, contar uma também. Sou fascinada por pessoas e por nossa habilidade de fazer trocas através das histórias. E é por isso que escolhi cursar Comunicação e Marketing. Durante essa jornada, aprendi muito – dentro e fora das salas de aula – mas teve algo que me chamou bastante a atenção: a dificuldade do setor de saúde em estabelecer um bom plano de marketing e comunicação.
Isso me intriga por dois motivos principais. O primeiro é porque eu entendo que essas ferramentas podem contribuir para ensinar, informar e prestar serviço ao paciente. O segundo é que, por outro lado, sei como elas podem ajudar no reconhecimento e crescimento da marca de uma instituição. Por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Hubspot, em 2014, mostrou que os consumidores esperam que as marcas estejam em cerca de três plataformas de redes sociais distintas.
Ainda assim, a publicidade e propaganda no setor andam a passos lentos. Compreendo que parte dessa dificuldade está relacionada com a complexidade do setor, não é fácil falar sobre saúde. E digo mais: a área ainda enfrenta dificuldades com a própria comunicação interna. Os profissionais lidam com o desafio de se comunicar com os próprios pacientes, afinal, o setor é feito de pessoas e onde existem pessoas, existem barreiras de comunicação.
Temos ainda a questão da legislação. No Brasil, há o Decreto-Lei nº 4.113/42 que determina que só se pode fazer propaganda de um hospital, instituição de saúde ou de médicos, se ela tiver caráter informativo e fornecer algum tipo de acesso para o público-alvo. Apesar de muitos considerarem isso um empecilho, eu vejo essa questão de outra forma.
Há tanto para se ensinar e orientar sobre a saúde. Então, por que não utilizar essas ferramentas para compartilhar cada vez mais o conhecimento do setor com a sociedade? Por que não ampliarmos o acesso à informação e contribuirmos para um sistema de saúde mais humanizado? Definitivamente, não nos falta conteúdo para comunicar.
E isso são apenas alguns dos benefícios. Para além da responsabilidade social, um plano de comunicação assertivo fortalece a marca das unidades de saúde, auxilia na criação de autoridade e cria reconhecimento para as instituições. O processo é uma via de mão dupla e contribui tanto para os profissionais, quanto para os pacientes. A união entre a comunicação e o setor é mais do que necessária e, quanto mais cedo, todos compreenderem isso, mais próximos de um sistema de saúde acessível e estruturado iremos estar.
Por Camilla Covello, Diretora Executiva e Fundadora da C2L | Communication to Lead
Sobre o autor: Camilla Covello é publicitária, especialista em Comunicação e Marketing em Saúde e setores complexos, com MBA em Gestão em Saúde na Philadelphia University. É fundadora e diretora-executiva da C2L | Communication to Lead.